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TOC: A mente em conflito - Uma visão abrangente sobre a origem do transtorno obsessivo-compulsivo

Atualizado: 8 de dez. de 2023

O Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC) é um distúrbio psiquiátrico que se caracteriza por pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos. A neurociência tem contribuído para entender melhor o TOC e como a cabeça de quem sofre desse transtorno funciona. Acredita-se que o TOC esteja relacionado a um desequilíbrio na regulação dos neurotransmissores serotonina e dopamina no cérebro, que são responsáveis pela regulação do humor e do comportamento. Além disso, estudos de neuro-imagem têm mostrado que há uma hiperatividade em determinadas áreas do cérebro, como o córtex cingulado anterior, que está envolvido no processamento de emoções e na tomada de decisões.



Um experimento psicológico famoso é o caso de "Pequeno Alberte", conduzido por John Watson em 1920. Nesse estudo, um menino de 11 meses foi exposto a um coelho branco e fofinho, que inicialmente o deixava curioso e feliz. Em seguida, os pesquisadores começaram a fazer barulhos altos sempre que o coelho aparecia, até que o menino passou a ter medo do animal. Esse experimento demonstrou como é possível condicionar uma resposta emocional a um estímulo específico.


Uma analogia interessante para a cura do TOC é a experiência de entrar em uma piscina fria. No início, a água pode parecer insuportavelmente fria, mas depois de alguns minutos o corpo se acostuma e a sensação de frio diminui. Da mesma forma, a exposição gradativa a situações que causam ansiedade pode ajudar uma pessoa com TOC a enfrentar seus medos e a diminuir a intensidade de suas obsessões e compulsões. Outra analogia é entrar em um quarto escuro e depois de alguns minutos conseguir enxergar. No início, a falta de luz pode parecer assustadora e desconfortável, mas com o tempo os olhos se adaptam à escuridão e é possível ver com mais clareza. Da mesma forma, a exposição gradual a situações que causam ansiedade pode ajudar a pessoa com TOC a enxergar seus medos de forma mais clara e a lidar melhor com eles.


A melhor técnica para tratar o TOC é a exposição gradativa, que consiste em expor a pessoa a situações que provocam ansiedade de forma controlada e gradual. Por exemplo, se uma pessoa tem medo de germes e se lava constantemente as mãos, a exposição gradativa pode começar com tocar em uma maçaneta de porta e depois lavar as mãos após alguns minutos, e ir aumentando gradualmente a exposição a situações que envolvem contato com germes. Dessa forma, a pessoa aprende a lidar com a ansiedade e a controlar as compulsões.


O TOC pode vir acompanhado de diversos outros distúrbios, como a depressão, o transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno de pânico e o transtorno dismórfico corporal, entre outros. Por isso, é importante que o tratamento seja individualizado e leve em conta todas as condições de saúde mental que a pessoa apresenta.


A obsessão é um pensamento, imagem ou impulso recorrente e persistente que causa ansiedade e sofrimento. A tentativa de eliminar a obsessão pode acabar alimentando ainda mais esse pensamento, pois a pessoa acaba dando mais importância e atenção a ele. Por isso, a abordagem mais eficaz costuma ser a de aceitação da obsessão, ou seja, aprender a conviver com ela sem tentar eliminá-la.


Já a compulsão é um comportamento repetitivo que a pessoa sente a necessidade de realizar para aliviar a ansiedade ou a aflição causada pela obsessão. Por exemplo, se uma pessoa tem obsessão por germes, a compulsão pode ser lavar as mãos repetidamente ou evitar tocar em objetos que possam estar contaminados.


A compulsão e a obsessão são os pilares do TOC, e o tratamento visa a reduzir a intensidade e a frequência desses comportamentos. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes para o tratamento do TOC, pois ajuda a pessoa a identificar e modificar os pensamentos disfuncionais que alimentam as obsessões e a aprender a lidar com a ansiedade e a controlar as compulsões.


Apesar de o tratamento do TOC ser relativamente simples, a evolução do transtorno pode ser crônica e piorar com o tempo se não for tratado de forma correta. Por isso, é importante procurar ajuda especializada assim que os sintomas surgirem, para que o transtorno possa ser diagnosticado e tratado precocemente.


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A hipnose é uma técnica que pode ser utilizada como um complemento ao tratamento convencional do TOC, mas não é considerada uma terapia isolada para esse transtorno, apesar de inúmeros casos de sucesso. A hipnose pode ajudar na redução da ansiedade e do estresse, além de promover o relaxamento, a o que pode ser útil para pessoas com TOC que apresentam ansiedade elevada. Durante uma sessão de hipnose, o indivíduo é levado a um estado de relaxamento profundo e sugestionabilidade aumentada. Nesse estado, é possível acessar a mente inconsciente e trabalhar com crenças e emoções que possam estar contribuindo para o desenvolvimento ou manutenção do TOC. Pode também leva-lo a, em estado de transe, a exposição gradativa ao que o paciente considera "perigoso" ou "incorreto", diminuindo a compulsão e a obsessão.

Algumas técnicas de hipnose podem ser utilizadas para ajudar a pessoa com TOC a modificar pensamentos disfuncionais e a controlar as compulsões. Por exemplo, o terapeuta pode sugerir imagens mentais que ajudem a pessoa a lidar com situações que provocam ansiedade e a reduzir a necessidade de realizar comportamentos compulsivos. No entanto, é importante destacar que a hipnose não é uma técnica eficaz para todos os indivíduos e que seu uso deve ser feito por profissionais capacitados e treinados em hipnose clínica. Além disso, a hipnose não deve ser utilizada como tratamento isolado para o TOC, mas sim como um complemento ao tratamento convencional, que geralmente inclui terapia cognitivo-comportamental e/ou medicamentos. Em resumo, a hipnose pode ser uma técnica útil para ajudar no tratamento do TOC, mas seu uso deve ser feito com cautela e sempre sob a supervisão de um profissional capacitado. O tratamento mais eficaz para o TOC é uma abordagem integrada que combine diferentes técnicas terapêuticas.


Newton Guimarães

Master em Hipnose Clínica

Psicopedagogo

Psicanalista


Referências bibliográficas:

- American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th Edition. 2013.

- Goodman, W. K., Price, L. H., Rasmussen, S. A., Mazure, C., Fleischmann, R. L., Hill, C. L., ... & Charney, D. S. (1989). The Yale-Brown Obsessive Compulsive Scale. Archives of General Psychiatry, 46(11), 1006-1011.

- Maltby, N., Tolin, D. F., Worhunsky, P., O'Keefe, T. M., Kiehl, K. A., & Orr, S. P. (2005). Dysfunctional action monitoring hyperactivates frontal-striatal circuits in obsessive-compulsive disorder: an event-related fMRI study. Neuroimage, 24(2), 495-503.

 
 
 

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