Casamento sem sexo é comum na geração que está entre 30 e 40 anos
- Newton Guimaraes
- 22 de out. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 8 de dez. de 2023
É difícil imaginar um casamento sem sexo, com duas pessoas dividindo a mesma cama e sem qualquer intimidade. Mas ele não só existe, como também vem se transformando num fenômeno comum.

“É a geração que mais vive um casamento sem sexo”, garante Bárbara Vilela, psiquiatra e psicoterapeuta, sócia-diretora da Clínica Mangabeiras, em Belo Horizonte. Ela já percebe no consultório uma mudança acentuada de perfil dos pacientes que vão em busca de solução para o problema da falta de contato social sexual, definido como “casamento branco” – a cor é referência ao francês “blanc”, que também significa “vazio”.
São várias as razões para essa baixa frequência debaixo dos lençóis. A principal delas é o fato de ser uma geração preocupada com o trabalho. Em demasia. “Ela é muito focada no trabalho, num momento de crise, pegando a pandemia, e que agora está muito preocupada em ter a casa própria e alcançar outros objetivos pessoais”, explica a psicoterapeuta.
“Tem aí um estresse financeiro e profissional. É uma geração também em que a maioria está com filho pequeno, que também é algo que atrapalha bastante a vida sexual”, analisa Bárbara.
As redes sociais também têm sua parcela de culpa no casamento branco, ao propagandear um ideal de vida perfeita e corpo sarado. “Isso acaba gerando uma comparação, com as pessoas ficando mais insatisfeitas com o próprio corpo e com a própria vida.
Para as mulheres, isso faz muita diferença quando se trata de vida sexual. Não se sentir confortável com o próprio corpo diminui o desejo sexual”, assinala. Se alguém imagina que, para ser considerada uma relação sem intimidade, a quantidade de transas tem que ser zero, está enganado. Embora não haja consenso sobre números, Bárbara observa que “não precisa ser um casamento 100% sem sexo, podendo ser com uma frequência muito baixa”.
Alguns estudiosos dizem que, para se encaixar nessa definição, a quantidade de conjunções carnais deve tem que de ser uma vez a cada três ou mais meses. Outros estipulam em 12 vezes ao ano. “O que vai definir se é um problema ou não é o fato de um dos dois ou ambos estarem insatisfeitos. Se a frequência for baixa e o casal estiver satisfeito, percebendo que ali há momentos românticos mesmo sem sexo, tudo bem”, pondera.
O mais comum, segundo ela, é os dois estarem se questionando sobre o futuro da relação. Nesse momento entra em cena o terapeuta de casais para ajudar num desfecho, que pode ser a separação.
Para os sexólogos ou psicólogos, o casamento branco se tornou um desafio. “Agora já é um pessoal mais novo, com outras questões. Hoje, os idosos com mais de 60 anos têm uma vida sexual mais ativa do que os casais de 30, 40 anos”.
Quando os parceiros chegam ao consultório, a psicoterapeuta tem, como primeiro passo, buscar uma solução. “Temos que ver primeiramente se é um problema ou não para o casal. Eu já atendi vários deles que me relataram isso em algum momento, não sendo a queixa principal deles, mas que não veem problema em continuar dessa forma, sem fazer sexo. Mas, quando é um problema, temos que ver de onde ele está surgindo”, afirma.
Intimidade sob os lençóis exige tempo e qualidade
Entre as principais origens está, por exemplo, a falta de tempo, principalmente se for um casal que passa mais fora do que dentro de casa, devido ao trabalho. “Quando chega o final do dia, eles já estão exaustos, e nenhum dos dois quer saber disso. Além disso, muitos casais não dividem ou se ajudam nas tarefas domésticas sobrecarregando um dos parceiros. Com o passar dos anos, corre-se o risco de um não prestar mais atenção no outro. Não elogia, não faz um carinho, uma massagem. Todos esses fatores vai drenando o casamento e o desejo sexual um pelo outro.
Se à noite ninguém quer saber de carinhos, qual seria o melhor horário para se estabelecer essa intimidade? Essa pergunta é que deve ser feita para o casal. Outra coisa é perceber se há algo ruim no próprio ato sexual, tornando-o desinteressante. “Se é uma relação muito longa, não tem mais aquela novidade. Aí é preciso buscar, para torná-la interessante de novo”.
Sabemos que o sexo libera endorfina e dopamina, trazendo diversos benefícios, parecidos com o que a gente vê na atividade física. O orgasmo diminui o nível de estresse do dia a dia”. Ela ressalta também que o casal que não tem uma boa interação entre quatro paredes acaba se distanciando, do ponto de vista emocional. Esse afastamento acontece, de acordo com a psicóloga, mais em função de uma cultura do que de uma insatisfação. “Eles chegam aqui não querendo que o casamento acabe, mas que, sem vida sexual, imaginam que vai acabar. O que falo é que, se você não quiser, a relação não vai acabar por isso”.
“Como acham que não é possível continuar sem sexo, preferem terminar enquanto são jovens e mudam o relacionamento. Só que o problema continua. Às vezes são outros fatores que estão impactando”, registra. A boa notícia é que, na maioria das vezes, os casais se entendem e preferem não se divorciar. Mas, claro, tudo isso com um acompanhamento profissional.
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Newton Guimarães
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